sábado, 30 de março de 2013


Sexta-feira Santa


O Padre Carlos estabeleceu Em S. Domingos de Benfica uma comunidade com alguns alicerces bem sólidos. Isto mesmo foi visível esta Sexta-feira Santa, 29 de Março 2013, durante a celebração da Paixão.
Vamos pensar apenas em dois desses alicerces.
A Associação de Acólitos de S. Domingos de Benfica reúne em dia feriado nacional, integrado na «ponte» da Páscoa» mais de 20 acólitos na celebração. Acólitos com idades que variam entre 10 e 80 anos. 
Ao contrário do que sucede na grande maioria das paróquias, há acólitos, há bastantes acólitos, que foram acolhidos e apoiados pelo Padre Carlos de tal modo que os párocos que lhe têm sucedido, os acariciam também, porque entendem que esse sentimento é institucional ou, não o fazendo, é o próprio espírito da Associação, alicerçado nos mais experientes, que suprime essa falha.
Em S. Domingos de Benfica não é normal encontrar um acólito com a alva amarrotada, não se encontra um acólito durante uma celebração com as mãos soltas, a abanar, a caminhar desalinhado na fila da procissão, sujo, despenteado, a caminhar e a gingar. Há saber, há experiência que vem da prática e existe orgulho no serviço prestado na comunidade, muito baseado na oração e amor ao Senhor.
A Associação de Acólitos, ou os Acólitos em geral, não são um movimento ou grupo reconhecido na Igreja com com Estatuto próprio e objectivos próprios. O seu código é essencialmente a Introdução Geral do Missal Romano a que se juntam outros documentos oficiais acerca da Liturgia. No mais, fomenta-se o convívio cristão entre os seus membros.
Ora, a comunidade não vai à igreja em Sexta-feira Santa, ou em qualquer outro dia, assistir ao espectáculo dos acólitos. Os fiéis vão participar da Celebração. E tal participação é tão mais conseguida e vivida quanto melhor for a ambientação. É isso que os Acólitos fazem. Dão vida e sentido e significado à liturgia, mesmo para quem não entenda das questões técnicas da mesma.
O outro alicerce para que podemos olhar neste dia é o Coro Laudate, também ele uma Associação. Tal como os acólitos, os catores do Laudate são obrigados a muito trabalho para merecerem poder participar. As pessoas têm os seus trabalhos profissionais, família, etc., mas se querem cantar têm que arranjar tempo para os muitos ensaios e preparações. Há mesmo quem aprecie o espectáculo do seu canto, mas erradamente. O Coro actua na Assembleia, de que faz parte, de duas formas distintas. Por um lado, é apoio da Assembleia que canta, por outro lado, interpreta momentos litúrgicos concretos ou tempos de meditação, de modo a constituir um auxílio à vivência da celebração pela assembleia reunida.
Foi esta atitude de que mistura fé e trabalho que permitiu a estas duas entidades serem hoje um importante elemento aglutinador e sustento da comunidade paroquial de S. Domingos de Benfica. Não são os únicos suportes, mas são muito importantes e manifestam a perenidade do trabalho evangelizador e de comunhão do Padre Carlos. 
O carácter evangelizador destas entidades não está apenas dentro do contexto paroquial. Os seus membros, quando se deslocam para fora da paróquia ou se transferem, têm, em muitos casos, levado consigo o espírito da comunidade paroquial que muito tem ajudado outras comunidades. Esta divulgação não serve para «glória» da paróquia de S. Domingos de Benfica, mas para edificação de outras comunidades e maior glória de Deus.
Louvado seja Deus por esta graça, da qual o Padre Carlos foi instrumento, e que tão bons frutos tem dado na Igreja. Queira Deus que estes frutos continuem a brotar.

quarta-feira, 27 de março de 2013



Há três momentos fundamentais na fundação da Igreja, realizada por Jesus de Nazaré há cerca de 2 000 anos.
No primeiro momento, de que fazemos memória em Quinta-feira Santa, Jesus institui o sacerdócio, deixa-Se como alimento para os fiéis da Igreja e define o serviço como característica fundamental e aquela que permite categorizar os membros da Igreja. Maior o serviço prestado, mais elevado o ministério.
O segundo momento é o espirro de água e sangue do coração de Jesus quando o peito Lhe trespassado com uma lança, já depois de morto. O Sangue oferecido mistura-se e confunde-se com a água que purifica.
O terceiro e último destes momentos fundamentais acontece cinquenta dias depois da ressurreição e chamamos à sua memória a Solenidade de Pentecostes!


Com a consciência de que estamos a dar início à celebração da fundação da Igreja operada por Jesus, filho de Maria e de José, acolhamos esta Quinta-feira Santa!

Sempre o Papa Francisco!


Jesus
O nome de alguém é já esse alguém. Respeitar o nome de Jesus é já acreditar e ser fiel.
Não o respeitar o nome como quem faz vénias desmedidas e mesuras e elogia com a boca, mas respeitar com atitudes que emanam do coração. 


Estive numa reunião em que, entre outros, estavam o João e o Francisco. Uma reunião de entidades oficiais e oficiosas para tratar de assuntos locais. O meu amigo João diz-se ateu. O Francisco é cristão. A dado momento, o Francisco começou a falar de um tal Quim; o Quim para aqui, o Quim para acolá. O João não estava a perceber a conversa, até que o Francisco explicou que se referia ao padre da terra. 

Depois da reunião, o João contou-me como estava incomodado. Quim? Que maneira de se referir ao senhor padre Joaquim! Não frequento a Igreja e sou ateu, mas respeito. O Padre Joaquim! Agora, Quim! Que falta de respeito!

Sim, o João continua a dizer-se ateu, mas saberá ele o que é ser ateu, como me dizia um sacerdote a propósito de outro que se dizia ateu? Para já, o João respeita o nome, o vocativo  e a vocação, do ministro da Igreja de Cristo.

Não se trata da questão de ser Quim ou de ser Joaquim, mas do modo como a palavra é proferida, de como sai do coração e da mensagem que passa para o outro que a escuta.

Bendito seja o nome de Jesus. Porque o nome de Jesus salva. Acolher o nome de Jesus é já entrar no adro da vida eterna.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Domingo de Ramos

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, Jesus seguia à frente dos seus discípulos, subindo para Jerusalém. Quando Se aproximou de Betfagé e de Betânia, perto do monte das Oliveiras, enviou dois discípulos e disse-lhes: «Ide à povoação que está em frente e, ao entrardes nela, encontrareis um jumentinho preso, que ainda ninguém montou. Soltai-o e trazei-o. Se alguém perguntar porque o soltais, respondereis: ‘O Senhor precisa dele’». Os enviados partiram e encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito. Quando estavam a soltar o jumentinho, os donos perguntaram: «Porque soltais o jumentinho?». Eles responderam: «O Senhor precisa dele».
Então levaram-no a Jesus e, lançando as capas sobre o jumentinho, fizeram montar Jesus. Enquanto Jesus caminhava, o povo estendia as suas capas no caminho. Estando já próximo da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos começou a louvar alegremente a Deus em alta voz por todos os milagres que tinham visto, dizendo: «Bendito o Rei que vem em nome do Senhor. Paz no Céu e glória nas alturas!». Alguns fariseus disseram a Jesus, do meio da multidão: «Mestre, repreende os teus discípulos». Mas Jesus respondeu: «Eu vos digo: se eles se calarem, clamarão as pedras».
Palavra da salvação.




Hino a Cristo Rei

Todos:

Glória, honra e louvor a Jesus Cristo,
Que é nosso Rei e nosso Redentor. 
Como as crianças de Jerusalém, 
Cantemos ao que vem
Em nome do Senhor.
Coro:
Louvam os Anjos no alto dos Céus,
Os homens cantam com ramos e palmas: 
Bendito seja o Filho de David, 
Senhor do mundo e Rei das nossas almas.
Todos:
Glória, honra e louvor…
Coro:
Exulta o universo de alegria, 
Aclamando a vitória do Deus forte: 
O Cordeiro votado ao sacrifício 
É o Senhor que vai vencer a morte.
Todos:
Glória, honra e louvor…
Coro:
A alegria do povo resgatado, 
Que celebra o triunfo de Jesus, 
Seja um dia perfeita e gloriosa 
Na claridade da eterna luz.
Todos:
Glória, honra e louvor…






Cartaz Dominical para Domingo de Ramos




Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

A GLORIFICAÇÃO PROFÉTICA DA PAIXÃO E MORTE DE JESUS

Depois do Caminho Quaresmal andado, chegamos junto do lugar sagrado para o qual nos vínhamos dirigindo. É o Santuário da celebração do Mistério Pascal, nos dias da Semana Santa.
Estamos no momento da entrada, em que se encontram os sentimentos da esperança e a recordação dos sofrimentos do caminho. A esperança surge na celebração da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e o sofrimento é a penitência feita, acentuada pela memória do Caminho que o próprio Jesus tomou nos dias da Sua Paixão e Morte.
Como um Rei que vai ser entronizado na Sua Cidade, Jesus foi aclamado e exaltado, na descida do Monte da Oliveiras. O povo estendeu as suas capas e ramos no caminho e com outros ramos na mão, clamava: “Hossana! Bendito o que vem como Rei, em nome do Senhor” (Mc 11,9; Lc 19,38).


O Povo exultava, porque o Messias tinha chegado, depois de longamente anunciado e esperado. E chegava, não como um Rei da Terra, mas como um Rei humilde e pobre, no Seu poder e na Sua glória.
Na entrada triunfal em Jerusalém e na nossa Procissão dos Ramos exprime-se já a verdade do mistério da Paixão e da Morte de Jesus. Ele é o Rei-Messias pobre e humilde e é o Servo de Deus, anunciado por Isaías: “Apresentei as costas àqueles que me batiam e não furtei o rosto aos insultos e aos escarros” (Is 50,6).
Todo o sofrimento de Jesus foi a expressão da comunhão com todo o sofrimento humano exigido na obediência a Deus. A natureza humana de Jesus sofreu, por todas as negações de Deus, vividas e proclamadas pelos homens, desde a sua entrada na história.
O sofrimento, na sua dureza e na sua incompreensão recebeu profeticamente uma luz da esperança. Foi aquela mesma esperança prometida ao Servo de Deus: “ O Senhor Deus, veio em meu auxílio e Sei que não ficarei desiludido” (IS 50, 7).
Foi a esperança realizada em Jesus, na Sua exaltação de Servo, como ouvimos hoje a S. Paulo: “Humilhou-se, obedecendo até à morte da Cruz. Por isso, Deus O exaltou e lhe deu o Nome que está acima de todos os nomes “ (Fil 2, 8-9), Jesus viveu o sofrimento da Paixão e da Morte, como oblação a Deus e sinal do Seu amor, sabendo que receberia a transformação numa vida de glória.
Entremos, pois, com Jesus em Jerusalém, aclamando-O para já sentirmos na certeza da fé, que a nossa união à Sua Paixão e Morte nos conduz à Ressurreição Pascal.


Pe. Manuel Marques Gonçalves

segunda-feira, 18 de março de 2013

Papa Francisco e a presidente da Argentina



http://fratresinunum.com/2013/03/18/o-brasao-do-papa-francisco/

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=100656
Os cipriotas levantam o dinheiro dos seus bancos. Uns levam-no para casa à mercê dos assaltos próprios das crises: os que têm maiores quantias depositam-nas nos bancos alemães. Os bancos cipriotas vão à falência, o país entra em bancarrota e os alemães que têm tido tanta dificuldade em comprar as ilhas gregas, compram Chipre. As palavras são ocas sem actos. Esta maldade exercida pelos ricos, os que terão dificuldades de salvação idênticas às do camelo exibicionista, só pode ser vista à luz das palavras de Cristo: Quem não é por Mim é contra Mim. E ainda: O bem ou o mal que fizerdes a um destes pequeninos, a Mim o fazeis.

quarta-feira, 13 de março de 2013


Os símbolos pascais

A Páscoa, tal como o Natal, é uma festa Cristã. Os cristãos celebram o nascimento de Jesus ou Encarnação de Deus, anualmente, no dia 25 de Dezembro. Queira ou não, todo aquele que festeja o Natal está a celebrar o nascimento de um bebé aqui há uns dois milénios, um bebé que é Deus, filho de Deus e que se fez carne. Celebrar o Natal e fazer profissão de Fé no nome de Jesus e na sua divindade.
Do mesmo modo, a Páscoa é o tempo durante o qual os cristãos fazem memória, festejam, celebram a Ressurreição de Jesus, em Jerusalém, depois de ter sido torturado, assassinado e sepultado. Quem celebra a Páscoa faz profissão de Fé em Cristo e na Ressurreição dos mortos.
Vivemos muito com símbolos, nuns casos eles fazem presente o que está ausente, noutros casos ajudam a viver aquilo que simbolizam.
Há símbolos de Páscoa que estão directamente relacionados com a Ressurreição do Senhor: a cruz que por ter sido vencida surge simbolizada florida, colorida, empunhada pelo ressuscitado com aquela bandeira branca e vermelha, o sepulcro vazio, o Senhor com os discípulos de Emaús, o Pão e o Vinho da Ceia, luz como símbolo de Cristo (círio pascal), o branco.
Há outros símbolos que têm sido adicionados pela tradição popular e que surgem como o lado profano da devoção. Em relação ao Natal há situações praticamente irreconciliáveis com a Fé. Lembro a «magia do Natal», tão querida da filmografia norte-americana, e todas as que se relacionam puramente com o consumismo, o despesismo e o folclore enquanto omitem deliberadamente a única pessoa que interessa para a questão porque é dela que derivam todos os festejos de Natal: Jesus, filho de Maria e José, Deus Palavra de Deus. O pinheiro singelamente ornamentado e olhado como símbolo da vida que nasce, no Presépio em Belém e no solstício de Inverno é sem dificuldade assimilado pela Fé Cristã.
Porém, que dizer dos ovos de Páscoa, dos coelhos de Páscoa, dos pintainhos de Páscoa?
Na vivência cristã e na formação das crianças, estes símbolos não substituem os que estão relacionados com a ressurreição e a que atrás fizemos referência. Mas podem, julgo mesmo que devem, ser encarados na perspectiva cristã e explicados nessa mesma perspectiva.
A Páscoa é a Ressurreição de Jesus e a promessa da ressurreição de todas as pessoas, é uma vida nova. Que melhor símbolo para a vida, para uma vida nova, uma nova Criação que o ovo ou o pintainho que sai do ovo! E o coelho animal que se reproduz a uma velocidade fantástica, símbolo da fecundidade de Jesus, Palavra de Deus.
É conveniente enfrentar símbolos pagãos que desvirtuam a Fé cristã, em especial as pessoas menos esclarecidas e as crianças. Por outro lado, aceitemos e cristianizemos os símbolos que simbolizam verdadeiramente a nossa Fé.

sexta-feira, 8 de março de 2013

8 de Março

Dia do Amor às mulheres, nossas irmãs em Cristo e na filiação divina.
Mães, esposas, filhas, irmãs, amigas, familiares, vizinhas, colegas, anónimas, cidadãs do mundo.

Hoje faço a mesma oração que todos os dias.

Mãe de Deus, rogo pelas mulheres vítimas de doenças de senhoras, pelas mulheres grávidas, pelas mulheres vítimas de violência por serem mulheres. Protege também as minhas mulheres, as mulheres da minha vida.
Avé Maria...
Avé Maria...
Avé Maria...
Glória...

quarta-feira, 6 de março de 2013


Uma nova Catekese


         Artigo publicado pela primeira vez no número da Voz da Catequese, do Patriarcado de Lisboa, de Janeiro/Fevereiro de 2005. Posteriormente publicado em O Sorriso do Catekista, Edições Salesianas, 2008. Escrito ainda em vida de João Paulo II, os verbos que se referem a este Papa foram mantidos no presente, pois foi entendimento que modificá-los para uma forma pretérita tiraria alguma da força que se deseja que o texto tenha.



Dinâmica cristã

De ano para ano, as crianças e os adolescentes que nos aparecem na Catekese são cada vez mais difíceis!
Esta frase, tantas vezes repetida, tantas vezes ouvida, entre nós catekistas, tem um sentido muito profundo, porque revela uma situação muito difícil que a Igreja atravessa.
Aqueles que acorrem às nossas catekeses são os mesmos que estão continuamente expostos ao bombardeamento de ataques à Fé, aos valores morais que emanam da natureza e do bom senso, e à pureza. Talvez estas situações nem sejam sinais dos tempos. São de sempre. Já em 20 de Junho de 1885, Teófilo de Braga, que exerceu funções de chefe de governo e de Presidente da República, logo após o derrube da monarquia, afirmava na revista A Illustração que o Cristianismo era uma lenda. Citava um “fragmento de um livro inédito”, que mais não era que uma falsidade criada por ele, mas que ele fingia ser um documento histórico, para pretensamente demonstrar, com rigor histórico e científico, que o Cristianismo era uma invenção dos chefes judeus, numa miscelânea de várias religiões da época. Chega a demonstrar que Jesus não morreu na Cruz. Nesse início do século XX, como anteriormente, ou como hoje, pessoas mal intencionadas têm-se esforçado por derrubar a Fé e a dignidade da pessoa humana. Parece-me que não vale a pena dar-lhes muita atenção. Eles continuarão a ocupar o seu lugar na história. E nós o nosso, de anunciadores do Reino de Deus, com a certeza de estarmos na senda da Verdade e de que a vitória final será de Deus. A vitória final é já de Deus. Estamos seguros.
As dificuldades que eu e vós sentimos com as nossas crianças e os nossos adolescentes na transmissão da Boa Nova, também foram notadas pelo bom Papa João Paulo II. Ele teve a percepção de que a batalha da Fé estava a ser perdida, especialmente na Europa. Os fiéis europeus, embora durante séculos quase nascessem na Pia Baptismal, estavam a virar as costas ao Baptismo – argumentavam os pais ditos modernos: baptizam-se se e quando quiserem, por conta deles, quando forem adultos –, a virar as costas à força revivificante da Eucaristia, à castidade e à monogamia, à esperança na Vida e na Vida Eterna, enfim, os fiéis da velha Europa estavam a chegar à conclusão que os prazeres deste mundo eram tantos que não tinham tempo nem paciência para aturar Nosso Senhor. Enquanto os centros comerciais, os recintos desportivos e salas de espectáculo se enchiam, as igrejas esvaziavam-se. As vocações de consagração, no celibato ou no matrimónio, iam dando lugar às aspirações a top-model, estrela de futebol, e, de uma maneira geral, a enriquecimento fácil.
Mas nada disto nos deve preocupar demasiado. Quem é de Cristo tem Fé. E a Fé move montanhas. O nosso bom Papa – é bom tratá-lo desta forma mais íntima, pensando que ele também é catekista como nós, com mais responsabilidades, mas catekista como nós – não se atemoriza e ele próprio segura o estandarte de Cristo para guiar, não só a Igreja, mas a Humanidade, em direcção à Paz e à Felicidade eternas.

A nova evangelização
O Papa pede que sejamos actores de uma Nova Evangelização na Europa. Combater os caluniadores da Fé não é o mais urgente. O que realmente interessa é anunciar Jesus Cristo e dar testemunho do seu Reino de Felicidade. Há que colmatar um certo tempo em que deixámos esmorecer a nossa condição de baptizados.
Os governos europeus, incapazes durante tantos séculos, como ainda hoje, de satisfazer as necessidades de assistência social e na saúde, desde há cerca de duzentos anos que engendram uma espécie de expropriação e nacionalização das obras sociais e hospitais da igreja, apresentando-as como suas, mas acabando geralmente por não serem capazes de dar a resposta que deviam aos cidadãos dos seus países. O mesmo vai acontecendo com a educação. E os cristãos parecem ter esmorecido um pouco. É obrigação do estado providenciar…, diz-se. E acabam por entrar numa de cooperar com as entidades laicas, deixando-se arrastar por estas. É desta forma que muitos católicos colaboram com a UNICEF, desconhecendo os seus programas para esterilização de mulheres em África, em massa, como forma de combate à fome, sem serem esclarecidas do que lhes estão a fazer.
O espaço de diálogo que foi aberto pelo Concílio Ecuménico Vaticano II foi desperdiçado, em boa parte, por elites de teólogos que acham mais importante discutir se a missa deve voltar a ser em latim, ou se é possível consagrar pão de milho. As energias dispersam-se e os fiéis não vão à missa.
Por último, olhamos para a pastoral evangélica e damos com o “parente pobre” das nossas paróquias: a Catekese. Quantas paróquias têm um videoprojector para utilizar na Catekese? Porque razão há tanta falta de formação de catekistas e porque há tantos catekistas que o são, dois ou três anos, na juventude, e abandonam? Parece que os catekistas também ameaçam esmorecer. Todos conhecemos casos de professores que começam cheios de força, mesmo colocados a 50km de casa, no primeiro ano; e no segundo ano já são colocados a 20 km de casa, mas em sentido oposto; e no terceiro não se sabe onde (falamos da situação em Portugal). Ora, como estes professores têm razões para se desumanizar e desinteressar cada vez mais pelas crianças, também alguns catekistas parece não encontrarem razões suficientes para se manterem na Catekese com ardor.

O novo ardor
E voltamos ao Papa. O Papa pede aos cristãos que realizem uma Nova Evangelização com um NOVO ARDOR, com um NOVO FERVOR. Para nós catekistas, este novo ARDOR é, para os mais velhos, o ARDOR, da sua juventude, para os mais novos, é o ARDOR dos primeiros cristãos, que não viviam num mundo de comodidades, nem tinham como objectivo de vida gozar as comodidades desta vida. ARDOR é algo que arde, algo que ferve. É deixar-se consumir em absoluto pelo Espírito Santo. Preparar as catekeses, chegar a horas, ser capaz de dar resposta às crianças mais difíceis, dispor do tempo, direi mesmo inventar o tempo para ajudar aqueles “meninos-jesus”, que nos são entregues, a crescerem em sabedoria nas coisas do Alto. Ter paciência, não desistir, rezar, rezar muito, pedir ao Espírito Santo que nos ponha o coração a arder e o sangue a ferver e que faça crescer em nós a vontade de acolher as crianças e os adolescentes como o Pai Misericordioso que nem sequer perguntou ao filho pródigo por onde tinha andado!

Os novos métodos
O Papa não nos propõe apenas um novo ardor, porque sabe que isso não é suficiente. Ele pede que utilizemos NOVOS MÉTODOS. A Catekese não pode ser como há cem ou trezentos anos atrás, porque embora o anúncio seja o mesmo, as pessoas a quem se dirige são outras, vivem noutra época, noutro ambiente. Jesus utilizou as parábolas para ensinar as gentes que o escutavam. Na Idade Média as igrejas e as catedrais foram decoradas com elementos que permitiam fazer uma Catekese utilizando visualmente esses elementos para explicar aos fiéis a História da Salvação. Os NOVOS MÉTODOS têm a ver com as circunstâncias especiais de cada grupo de Catekese e com as características de cada catekista. O videoprojector pode ser um método, mas não é seguramente o único, nem sei se será o melhor. A música, a leitura em diálogo, o convite a alguém para dar testemunho no grupo de Catekese; o tempo de Catekese (uma hora por semana é suficiente?); a relação entre as famílias e a Catekese. Mas, os métodos… os métodos há muito que se fala deles. Não chega pensar neles e discuti-los. Dos diálogos que se estabelecerem entre catekistas a nível de paróquia ou de diocese têm que nascer MÉTODOS NOVOS e que sejam postos em prática com um NOVO ARDOR. Caso contrário tudo ficará como dantes.

As novas expressões
O bom Papa João Paulo II pede por último que a Nova Evangelização seja realizada com recurso a NOVAS FORMAS DE EXPRESSÃO. A EXPRESSÃO do cristão é, por excelência, a oração. Oiço catekistas dizer que os miúdos não querem ir à missa, que a missa é uma «seca». Por amor de Deus, gozemos a oportunidade de viver nestes primeiros anos do século XXI e de podermos entrar, se quisermos, num tempo de plenitude conciliar. «Ir à igreja ouvir o padre dizer a missa», era dantes. Olhemos para os exemplos que o Papa nos faz chegar através da televisão, das Eucaristias a que ele preside! Hoje «reunimo-nos com os irmãos», um dos quais é padre, para celebrarmos todos em conjunto o Mistério Pascal de Cristo, a Salvação, a Felicidade Eterna, que nos chega por meio de Cristo. O padre é essencialmente um dos instrumentos que Cristo usa para se fazer presente no meio da Assembleia dos Fiéis. Como são instrumentos da presença de Jesus o Pão, a Palavra e a própria Assembleia reunida em seu nome. As homilias não são exercícios de retórica do sacerdote; pelo contrário, têm que ser meio de fazer a Palavra presente e compreensível no meio dos fiéis. As missas presididas pelo Papa são uma Festa. Logo, temos de, à semelhança do que o Papa faz, fazer, para os nossos catekizandos, uma Festa de cada missa. Diz-se também que o Terço é coisa do passado, que os jovens não querem saber disso. É falso. É que o Terço rezado hoje tem que ter em atenção os homens e as mulheres e as crianças e os adolescentes e os jovens de hoje. É o nosso bom Papa que o diz na carta apostólico O Rosário da Virgem Maria. E o que se diz para o Terço, fica dito para a Via-sacra ou outras EXPRESSÕES de oração. Cada mistério do Rosário ou cada estação da Via-sacra pode ser preparado por um grupo diferente, preparando cartazes, escolhendo leituras, ensaiando cânticos, preparando encenações, elaborando ou partilhando orações.
Hoje, dia de Nossa Senhora das Candeias (2 de Fevereiro de 2005), na sua homilia, o nosso bom Papa declarava que “O segredo do ardor espiritual é a Eucaristia”.
Como Maria, guardemos estes ensinamentos do Santo Padre nos nossos corações, e meditemo-los, para sermos capazes de fazer também uma Nova Catekese, dentro do espírito da Nova Evangelização.