domingo, 26 de maio de 2013

Despedida o Patriarca

Foi hoje na celebração do Dia da Igreja Diocesana, no Colégio Salesiano de Manique, que, um tanto ou quanto espontaneamente, aconteceu o que deverá ser considerada a despedida do Patriarca dos fiéis da diocese.
O momento alto da relação emocional entre o Patriarca e os fiéis, maioritariamente colaboradores, catekistas, presbíteros, diáconos, seminaristas, foi o final da homilia.
O Patriarca José Policarpo falou de como amou a diocese e de como, em coerência, teria de continuar a amá-la, agora de modo diverso.
No final sentou-se e a Assembleia irrompeu em aplausos. Que não paravam. O Patriarca quis pará-los e tentou levantar-se da cátedra, mas o Cónego Luís Manuel segurou-o. E as palmas continuaram com a Assembleia de pé.
Quando terminaram, o Patriarca levantou-se e iniciou-se o canto do Credo. Então, o Patriarca tirou um lenço do bolso e limpou os olhos cheios de lágrimas. A homilia do Patriarca fora lida, mas as palmas e durante tanto tempo não estavam nos meus planos, nem nos dos fiéis, ao menos a sua generalidade. Poderão seguir-se outros gestos de apreço e despedida, mas nenhum como este.
Um grupo de uma paróquia, no final, antes do cântico final antecipou-se ao coro do Padre Pedro Lourenço e começou a cantar um «Obrigado Dom José». O maestro não gostou e tentou sobrepor o seu coro, mas o Padre Paulo Malícia dava força à Assembleia para continuar a cantar com aquele coro popular o refrão daquele «Obrigado».
Foi emotivo e emocionante.
Antes tinham sido entregues diplomas aos catekistas com 25 anos de serviço. Foram tantos, muitos na casa dos 40 anos, que o Patriarca achou por bem dirigir-se ao microfone e perguntar se alguém duvidava de que esta Igreja estava bem viva.
Eu teria organizado o encontro com outra dinâmica, mas tenho que reconhecer que para além da logística e dos planos, aconteceu ali Igreja. Mais concretamente Igreja Diocesana.

domingo, 19 de maio de 2013

Catekese Familiar

No início do ano pastoral, o nosso centro de catekese escolheu para patrono São Nuno de Santa Maria.
Estabelecemos como objectivo aprofundar o conhecimento deste herói da História de Portugal e santo da Igreja, ao longo do ano, na catekese e como trabalho de casa permanente, para as crianças e suas famílias, e ir em peregrinação à Capela de São Jorge, no campo da Batalha de Aljubarrota.
No aprofundamento que fizemos no decorrer no ano catekético encenámos aspectos da vida do Santo Condestável e tivemo-lo como tema de celebrações e momentos de oração.
Finalmente fomos em peregrinação. Conseguimos, por vários meios, juntar o dinheiro suficiente para a despesa da viagem.
Foi um momento de Catekese Familiar. Não a teoria que costumamos dizer nos encontros e conferências. Nem o choradinho das famílias que não facilitam o serviço da catekese. Foi uma vivência real. Todas as crianças foram acompanhadas com as famílias. No autocarro rezámos o terço e cantámos louvores ao Senhor e à sua Mãe.
No Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota aprendemos muita coisa sobre o herói da crise 1383-1385.
Na Capela de S. Jorge, a Ermida que o Santo Condestável mandou erguer no local onde estivera implantado o seu estandarte durante a batalha, participámos numa Celebração da Palavra, louvando a Deus e pedindo a intercessão de São Nuno de Santa Maria pela nossa comunidade catekética e pelo nosso país neste momento tão difícil para a nação.
Bom, mesmo bom, foi o facto de as crianças da catekese, os seus irmãozitos, pais, avós, todos os que participaram na peregrinação, terem mesmo participado, não sendo apenas assistentes, mas cantando, rezando, fazendo oração espontânea.
Não se pode ter medo de chamar os pais, as famílias das crianças da catekese, e ter medo de os pôr a rezar. De um modo geral, as pessoas participam pouco, mais por acanhamento e falta de hábito que por falta de vontade e de fé. O catekista, o evangelizador, o animador são o rastilho para essas pessoas, as famílias que chegam à catekese trazidas pelo facto de virem trazer os seus filhos à catekese, desabrocharem libertando a sede de Deus, a sede de oração, a sede de celebração do divino e do transcendente. É verdade que o catekista também sente acanhamento quando pensa em interpelar essas pessoas em que não se distingue, à primeira vista, grandes possibilidades de pedras vivas a celebrar e a manifestar externamente sentimentos de fé e religiosidade. É um dos desafios da Nova Evangelização.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Terço no carro



Há uns anos, participei no núcleo de um grupo de oração nascente; e, entretanto, defunto.
Propus, no primeiro ou segundo encontro, uma espécie de campanha para incentivar o uso do terço nos carros.
Os mais «in» caíram-me todos em cima. Lembro-me que o argumento mais comum era: "Não coloco isso no meu carro". Outros iam no sentido do foleiro e do kitsch.
Eu uso um terço suspenso no retrovisor. E não é com a finalidade de me facilitar o encontro do carro, num parque de estacionamento. Isso acontece, mas é consequência do terço lá estar. Sou um pouco distraído, nessas coisas.
Até já me dediquei a fazer estatísticas, contando os carros que exibiam o terço / os que não o tinham exposto.
Descubro agora uma nova frente que identifica o uso do terço no carro como amuleto.
Guiam-me nesta matéria dois princípios.
O Directório Geral da Catequese ensina que os pais procuram o ensino da catequese nas paróquias pelas mais diversas razões, algumas não muito de acordo com o que devia ser. Devemos recusar essas inscrições? Não, pelo contrário. Devemos tirar o melhor partido delas, induzindo nos catekizandos e famílias um verdadeiro sentido de vivência cristã, através da catekização realizada. Se vêm apenas com a festa da primeira comunhão no horizonte, é importante que, pelo catekista, descubram as delícias da Palavra e do Pão da Vida e se apeguem a elas.
Se alguém com a «sua fé» suspende um terço no carro, quem é autoridade para decretar que não é por ali que Deus quer operar?
Quantas pessoas vão a Fátima, com o carro novo, embora não costumem ir à missa? Vamos proibi-las? Chamar-lhes nomes feios, impróprios da caridade cristã? Por causa do carro novo, essas pessoas estão a caminhar para terreno sagrado.
Depois há o testemunho. É foleiro participar numa procissão? Com todo o folclore de de algum modo surge nestas manifestações de Fé? Sim, manifestações de Fé. Testemunho de Fé que os participantes dão aos «outros». E quem participa na procissão, quer caminhando, quer suspendendo uma colcha na janela, está a honrar Deus, seja uma procissão eucarística, seja por algum orago, Nossa Senhora de Fátima, ou algum santo padroeiro.
Pois exibir um terço no carro é testemunho, é afirmação "totus tuus Maria" - seria João Paulo II kitsch ao afirmar isso? Ou a diferença estará entre a nomenclatura latina e o plástico do terço que tenho no carro?
Eu uso terço no carro para afirmar o que sou, sem vergonha, e para dar testemunho público da minha filiação mariana e de católico.
E respeito a admiro muito todos os que usam o mesmo terço por causa de alguma força interior que lhes diga para o usarem.
Se temos testemunho de tantas pessoas, conhecidas em vida por hereges, assistidas na hora da morte pela Virgem Maria porque durante as suas vidas lhe rezaram diariamente no segredo dos seus quartos, porque não somos capazes de admitir que a «oração» de usar o terço no carro possa ter idêntico efeito.
Eu apelo à exibição do terço no carro.
E apelo aos católicos que acham isso kitsch ou comparam isso ao uso de amuletos que reflictam no assunto.