quarta-feira, 8 de maio de 2013

Terço no carro



Há uns anos, participei no núcleo de um grupo de oração nascente; e, entretanto, defunto.
Propus, no primeiro ou segundo encontro, uma espécie de campanha para incentivar o uso do terço nos carros.
Os mais «in» caíram-me todos em cima. Lembro-me que o argumento mais comum era: "Não coloco isso no meu carro". Outros iam no sentido do foleiro e do kitsch.
Eu uso um terço suspenso no retrovisor. E não é com a finalidade de me facilitar o encontro do carro, num parque de estacionamento. Isso acontece, mas é consequência do terço lá estar. Sou um pouco distraído, nessas coisas.
Até já me dediquei a fazer estatísticas, contando os carros que exibiam o terço / os que não o tinham exposto.
Descubro agora uma nova frente que identifica o uso do terço no carro como amuleto.
Guiam-me nesta matéria dois princípios.
O Directório Geral da Catequese ensina que os pais procuram o ensino da catequese nas paróquias pelas mais diversas razões, algumas não muito de acordo com o que devia ser. Devemos recusar essas inscrições? Não, pelo contrário. Devemos tirar o melhor partido delas, induzindo nos catekizandos e famílias um verdadeiro sentido de vivência cristã, através da catekização realizada. Se vêm apenas com a festa da primeira comunhão no horizonte, é importante que, pelo catekista, descubram as delícias da Palavra e do Pão da Vida e se apeguem a elas.
Se alguém com a «sua fé» suspende um terço no carro, quem é autoridade para decretar que não é por ali que Deus quer operar?
Quantas pessoas vão a Fátima, com o carro novo, embora não costumem ir à missa? Vamos proibi-las? Chamar-lhes nomes feios, impróprios da caridade cristã? Por causa do carro novo, essas pessoas estão a caminhar para terreno sagrado.
Depois há o testemunho. É foleiro participar numa procissão? Com todo o folclore de de algum modo surge nestas manifestações de Fé? Sim, manifestações de Fé. Testemunho de Fé que os participantes dão aos «outros». E quem participa na procissão, quer caminhando, quer suspendendo uma colcha na janela, está a honrar Deus, seja uma procissão eucarística, seja por algum orago, Nossa Senhora de Fátima, ou algum santo padroeiro.
Pois exibir um terço no carro é testemunho, é afirmação "totus tuus Maria" - seria João Paulo II kitsch ao afirmar isso? Ou a diferença estará entre a nomenclatura latina e o plástico do terço que tenho no carro?
Eu uso terço no carro para afirmar o que sou, sem vergonha, e para dar testemunho público da minha filiação mariana e de católico.
E respeito a admiro muito todos os que usam o mesmo terço por causa de alguma força interior que lhes diga para o usarem.
Se temos testemunho de tantas pessoas, conhecidas em vida por hereges, assistidas na hora da morte pela Virgem Maria porque durante as suas vidas lhe rezaram diariamente no segredo dos seus quartos, porque não somos capazes de admitir que a «oração» de usar o terço no carro possa ter idêntico efeito.
Eu apelo à exibição do terço no carro.
E apelo aos católicos que acham isso kitsch ou comparam isso ao uso de amuletos que reflictam no assunto.

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