quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Viver a Eucaristia (1)


Há práticas na vida da Igreja que têm fundamento teológico e pastoral e não podem ser modificadas nem desleixadas. Há outras que são apenas uma prática que vem do passado, com alguma justificação pastoral, mas que não interferem com a Fé. Finalmente existe um conjunto de práticas sem qualquer justificação de interesse e que podemos abandonar em qualquer momento. Muitas das que se incluem neste último grupo começaram a ser abandonadas após o Concílio Vaticano II. Saber a qual destes grupos pertence cada uma das práticas é coisa que muitas vezes só acontece depois de experimentar.
Deste modo, percebeu-se que muitas dessas práticas abandonadas ou modificadas na sequência do CVII não faziam falta ou eram mesmo prejudiciais à Fé, enquanto outras tiveram que ser retomadas. Os lenços que cobriam as cabeças das mulheres sempre que entravam num templo são exemplo das práticas que nada tinham a ver com a Fé e, caídos no esquecimento, não passam de adornos, véus que são muitas vezes meras peças de artesanato.
No sacrário estão guardadas as hóstias e as partículas que, depois de consagradas na Eucaristia, se assumem como Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os católicos prestam às hóstias consagradas a mesma veneração que é devida a Deus, porque elas são realmente o Corpo e o Sangue de Jesus, Deus de Deus.
Quando estamos dentro da igreja e se abre a porta do sacrário, os fiéis devem permanecer de pé ou de joelhos e se estiverem sentados devem levantar-se ou ajoelhar. Participar da vida em Igreja significa acreditar na presença real de Jesus, Deus de Deus, no pão consagrado, também naquele que está na reserva do sacrário. Deve portanto reverenciar-se o pão consagrado da mesma forma que o faríamos se estivéssemos cara-a-cara com Deus, pois é isso mesmo que acontece.
É muito feia a situação que sucede quando, por exemplo, antes da missa algum ministro vai conferir as hóstias no sacrário e o abre e o povo que está sentado permanece sentado como se nada de relevante estivesse a acontecer. Essas pessoas, muitas vezes sem se aperceberem, por ignorância ou por desleixo, dão uma imagem muito triste de fiéis que não reverenciam a Deus.
De igual modo, no final da comunhão os fiéis não devem sentar-se antes de a porta do sacrário estar fechada. Claro que se trata apenas de um sinal, mas de um sinal através do qual cada um pode exprimir a Deus a sua reverência e a sua gratidão e dar aos irmãos um testemunho que os pode edificar na Fé.

Não deixemos de tomar atenção nestas duas ocasiões e, muito importante, de ensinarmos às nossas crianças, através do nosso testemunho, como devemos postarmo-nos perante Deus Altíssimo. 

Dom Óscar Romero



Ao fim de 26 anos como pároco, o padre Óscar Romero foi ordenado arcebispo de El Salvador. Tinha
59 anos de idade e uma larga experiência de auxílio às populações carentes ou em risco.
Às 18 horas e 30 minutos de 24 de Março de 1980, Dom Óscar Romero foi assassinado com um
tiro no peito, por um esquadrão de extrema direita, enquanto presidia a uma missa na capela de um
hospital, entre doentes cancerosos e enfermeiros. Tornou-se em mais uma das 1015 pessoas assassinadas no seu país entre Janeiro e Março desse ano.
O arcebispo apelava à paz e à contenção nas agressões violentas entre militantes de extrema esquerda e extrema direita. Mas o que mais preocupava Dom Óscar era a extrema miséria em que vivia o povo do seu país. Desdenhou as ameaças de morte que ia recebendo, pois sabia que a sua função era anunciar o Evangelho de Jesus Cristo enquanto devia realizar a opção preferencial da Igreja pelos
pobres, definida pela mesma Igreja.
João Paulo II visitou o seu túmulo, detendo-se lá.

In Os Santos de João Paulo II, livro II, Orlando de Carvalho, Lusodidacta, página 212.