sábado, 30 de julho de 2016

Neo-fariseus



Os fariseus, do tempo de Jesus, eram fiéis devotos que levavam muito a sério todos os ritos e orientações dos livros e da tradição judaica.
A palavra fariseu significa santo e eram os fariseus quem antes de mais se designavam a si por este nome.
Tratando-se de pessoas fiéis piedosas, por que razão Jesus os terá criticado tanto?

Quem conhece o que vai no coração dos seguidores de qualquer religião, e de modo concreto dos cristãos, dos católicos? Ir à missa, receber os sacramentos, mostrar devoção a imagens religiosas significará amor e adoração a Deus no interior do coração dessa pessoa?
Quem observa, de fora, uma família harmoniosa, saberá se os esposos são mutuamente fiéis, se os pais cuidam pacientemente dos filhos, se os mais velhos são convenientemente reverenciados, ou ao menos estão livres de maus tratos?

Provavelmente há hoje na Igreja pessoas devotas acerca das quais resta a dúvida: será a devoção dessas pessoas da mesma estirpe da dos fariseus? Não deverá cada cristão e cada católico, daqueles que se consideram devotos, piedosos, praticantes, cumpridores dos preceitos, tentar estabelecer na sua consciência em que falhavam os fariseus, por que razão Jesus criticava sistematicamente o farisaísmo, se eles não procuravam mais que cumprir tudo o que estava determinado na lei?
Depois, tentar descobrir, cada um de nós, se, por acaso, não somos mais que neo-fariseus.
Eles andam por aí, os neo-fariseus. Cuidem-se os fiéis. O caminho para Jesus será o indicado pelo Papa Francisco ou o trilhado pelos neo-fariseus? 

terça-feira, 26 de julho de 2016

Martírio de Padre durante a Eucaristia

Padre Jacques Hamel


No dia 26 de Julho de 2016, dois homens que não tinham já a virtude da esperança, irromperam por uma igreja, em Saint-Etienne-du-Rouvray, uma pequena localidade na diocese de Rouen, na França, onde o padre Jacques Hamel presidia a Eucaristia em que participavam ainda três freiras e dois outros fiéis.

Os dois homens desesperados para quem a vida não tinha sentido, degolaram o padre Hamel, um octogenário que os cobardes saberiam não ter força para lhes fazer frente caso quisesse e feriram outras pessoas, até a polícia os abater.
O sentido vital desta história triste é dado pelo arcebispo de Rouen, D. Dominique Lebrun, que participava na Jornada Mundial da Juventude, na Polónia, e regressou à sua diocese para acompanhar os fiéis, e não só, em choque com estes acontecimentos.

Arcebispo Dominique Lebrun


D. Lebrun emitiu a seguinte mensagem:



Acabo de saber da matança desta manhã na igreja de Saint-Etienne du Rouvray, que fez três vítimas: o sacerdote, o padre Jacques Hamel, de 84 anos, e os autores do assassinato. Três outras pessoas ficaram feridas, uma muito a sério.

Apelo para Deus, com todos os homens de boa vontade. Ouso convidar os não-crentes a unirem-se a este apelo! Com os jovens das JMJ, oramos como orámos junto ao túmulo do Padre Popielusko, em Varsóvia, assassinado durante o regime comunista.

A Igreja Católica não pode tomar outras armas para além da oração e de fraternidade entre os homens. Deixo aqui centenas de jovens que são o futuro da humanidade - a verdadeira. Peço-lhes para não baixarem os braços face à violência e se tornarem apóstolos da civilização do amor. Estou um pouco atordoado, mas sou levado por estes jovens que querem construir uma civilização do amor.



O bispo da Igreja, neste Jubileu da Misericórdia, não adoptou uma posição julgadora, nem castigadora, ou de ódio e de incitamento ao ódio, mas de misericórdia relativa aos dois homens desorientados e desesperados. Ele recusou ainda levantar um muro entre os católicos vítimas e mártires e “os outros”. Ele fez um apelo para a reunião de todas as pessoas de boa vontade em torno da justiça, da paz e da misericórdia, dando à Humanidade um verdadeiro testemunho de amor cristão. A partir de um pecado gravíssimo, apelou à edificação pessoal de cada pessoa, crente ou não, que se quisesse unir a si em oração sincera.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Cardeal Sarah vs Cristocentrismo





Antigamente, a missa era celebrada com o presidente e os outros fiéis virados para Oriente, o que mais não era que uma idolatria herdada das religiões antigas, confundindo o Sol e Deus, como se o Sol fosse Deus, negando a Santíssima Trindade. Os templos eram construídos de modo que o altar ficasse do lado oriental e a porta a ocidente, o padre na frente dos fiéis de costas para os fiéis, todos virados de acordo com a Geografia e não segundo alguma espiritualidade.

O Concílio Vaticano II determinou que a Igreja não tem uma estrutura piramidal, como até à década de 1960 se acreditava, em que o papa ocupava o topo da pirâmide, depois os cardeais, arcebispos, bispos, padres e, por aí abaixo, diáconos e finalmente a imensa maioria do Povo de Deus. O Concílio ensinou que a Igreja é cristocêntrica. No centro está Jesus e todos os fiéis em seu redor.

Para a celebração de missa não é necessária a presença de um sacrário, pelo contrário. No centro da missa, como da Igreja, está Jesus, na mesa da Palavra, o ambão, de onde são proclamadas as leituras bíblicas e na mesa do Pão, onde este é consagrado para ser distribuído como alimento espiritual aos fiéis. Durante a missa, todos devem estar virados para o altar e o ambão.

Muitas pessoas mais devotadas ao ritualismo que à Revelação, nunca aceitaram este ensinamento acerca do cristocentrismo, como muitos outros ensinamentos da Igreja.

Eis que agora o cardeal Robert Sarah, que é o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos vem propor que já em 2016 tudo volta ao antigo ritualismo em que Deus é confundido com o Sol, como um ídolo.

A Igreja tem de caminhar em direcção a Jesus, com os fiéis de mãos dadas entre si, e com o Papa Francisco e não de costas voltadas uns para os outros e com os sacerdotes de costas para o Povo.

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