terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Ventre ou útero?




Perguntaram-me porque se falava do ventre de Maria e não do seu útero. Qual a diferença? Seria pecado dizer “útero de Maria”?

Qual a diferença entre ventre e útero em geral? E em termos bíblico-teológicos? Porque se fala do ventre de Maria e quase nunca do útero?
A palavra ventre refere-se à cavidade abdominal, que é comum a homens e mulheres, onde se encontram o estômago, os rins, o fígado e muitos outros órgãos.
O útero é um órgão característico das mulheres, constituinte do seu aparelho reprodutor. É no útero que se instala o embrião gerado na mulher e onde o bebé vive até ao parto.
Por pudor ou por desconhecimento do termo técnico adequado, ou vergonha de o usar, fala-se popularmente de doenças da barriga ou de qualquer problema de barriga, em vez de se dizer que a mulher tem uma doença ginecológica, faz uma cirurgia ao útero ou a outro órgão ou parte do aparelho reprodutor. Diz-se que uma mulher tem quistos na barriga em vez de identificar o local correctamente.
Tanto em relação a mulheres como a homens, fala-se de dores de barriga quando elas surgem em qualquer região do abdómen.
Também se fala em prisão de ventre, nos homens e nas mulheres, quando há obstipação ou dificuldade no trânsito intestinal. Novamente a questão do pudor rege a linguagem. Ou a ignorância. Embora o termo prisão de ventre tenha já conseguido a consagração mesmo em linguagem médica.
É por pudor que todos falam do ventre de Maria, onde se desenvolveu Jesus, e ninguém fala do útero de Maria. Parece que se Maria tivesse um útero e um bebé lá dentro perdia a virgindade. Passa-se o contrário. Se Maria não tivesse um útero e não tivesse tido lá um bebé, não seria Nossa Senhora, não seria Mãe de Deus, não havia razão para a venerarmos na sua maternidade santíssima. Não sabemos como foi o parto de Maria, mas sabemos que Jesus habitou o seu útero.
Não devemos ter medo das palavras.
Por graça de Deus, Maria gerou no útero um bebé, o Filho de Deus, para nós.
Em tempos em que o que é próprio das mulheres e em particular da maternidade é tão vilipendiado, é bom que os católicos e os cristãos em geral, afirmem de cabeça erguida a feminilidade de Maria que pode ser interpretada como bandeira da condição das mulheres do nosso tempo.
Amamos Maria como ela é, não como os pintores, do barroco ou de qualquer época, a pintarem.
Falamos de Maria com o mesmo respeito que falamos das nossas mães. Bem, muitos deveríamos falar com mais consideração das nossas mães. Fala-se com um pudor exagerado e desnecessário numas situações e noutras sem o mais elementar pudor.
Damos graças a Deus pela maternidade de Maria de onde deriva a Salvação das pessoas e a vitória sobre o pecado e o demónio.

Orlando de Carvalho

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