sábado, 10 de março de 2018

As Bem-aventuranças completam os Dez Mandamentos





 Imagem: Monte das Bem-aventuranças, Terra Santa

Proposta para Encontro de Catequese sob o tema

As Bem-aventuranças completam os Dez Mandamentos



INSTRUÇÕES

- Texto para ser lido e acompanhado pela projecção dos diapositivos em ecrã pleno (usando o vídeo, pode ser necessário adaptar a velocidade de projecção)

- No final estão os dois textos evangélicos das Bem-aventuranças. Podem ser copiados e distribuídos aos participantes ou afixado à vista de todos. Em relação a cada história do texto, cada pessoa pode citar um versículo do texto que ache que se adapte. Como para cada história se podem fazer corresponder diversos versículos, há hipóteses para todos participarem.





Quando Jesus suspenso na Cruz soltou o último alento, rasgou-se o véu do Templo. (Marcos 15,38; Mateus 27,51; Lucas 23,45)

Este rasgão separa a Antiga e a Nova Alianças. A lei antiga e a novidade messiânica. A lei que girava em torno dos Dez Mandamentos entregues por Deus a Moisés foi ampliada e completada por Jesus.

Expliquemos de um modo simples.

Os Dez Mandamentos proibiam matar. O Evangelho continua a proibir matar, mas vai muito mais além. Dantes, a virtude era não matar, mas desde o Evangelho, é preciso agir, ajudar e cuidar para que um qualquer desconhecido morra. Jesus contou a chamada Parábola do Bom Samaritano (Lucas 10,25-37). Um homem que foi atacado, roubado e agredido fica moribundo na berma da estrada. Gente de elevada posição social finge não ver o pobre homem, ou desdenha incomodar-se com um desconhecido. Surge então um samaritano – os da Samaria e os judeus detestavam-se mutuamente – que cuida do pobre desgraçado. É esse testemunho de vida que Jesus indica como caminho para o Reino dos Céus: amor e entrega total ao próximo.

Jesus sistematizou esta nova lei, que é a lei antiga elevada ao expoente do amor desmedido, em certa ocasião em que proferiu um discurso à multidão que o seguia. Chamaram-lhe o Sermão da Montanha e as leis que nele enunciou ficaram conhecidas por Bem-aventuranças. Este discurso foi escrito mais tarde por Mateus e por Lucas, em separado, cada um segundo as memórias que possuía daquele dia.



Em 24 de Março de 1980, em El Salvador, o Bispo D. Óscar Romero celebrava missa, quando terroristas interromperam a celebração e, aos tiros, assassinaram o bispo. Tendo conhecimento da perseguição que naquele país era movida contra os pobres que eram escravizados pelos ricos e torturados e assassinados pelos militares e pela classe política, o bispo manifestou-lhes o seu apoio e criticou com firmeza os bandidos. Avisado para se calar, preferiu sujeitar-se ao que lhe quisessem fazer, mas continuou a apregoar a verdade e a defesa dos mais fracos.

Em 2015 foi beatificado.

Bem-aventurado Óscar Romero!



Maximiliano Maria Kolbe era ainda adolescente quando foi admitido entre os franciscanos. Aos 23 anos foi-lhe diagnosticada a tuberculose que o acompanharia até ao fim da vida. Nem tratamentos nem repouso em sanatórios lhe produziram melhoras significativas. Ainda assim fundou a Obra da Imaculada, provavelmente a maior editora de sempre no campo da evangelização. Ele próprio foi missionário no Japão. Sempre cada vez mais doente, regressou à Alemanha nazi. Foi preso e encarcerado no campo de concentração de Auschwitz. Quando os soldados desumanos se preparavam para fuzilar um homem inocente, um alemão casado e pai de crianças, que chorava por causa dos filhos que ia deixar órfãos, o padre Kolbe pediu autorização para trocar de lugar com o condenado. Morreu no dia 14 de Agosto de 1941, em grande tortura e sem receber água ou alimento. O homem que ele salvou esteve presente na cerimónia da sua beatificação em 1971. Em 1982 foi canonizado: São Maximiliano Maria Kolbe.

Bem-aventurado Maximiliano Maria Kolbe!



Em 2014, um grupo de terroristas muçulmanos iniciou um ataque a todas as pessoas que tinham uma fé diferente da sua, fossem cristãos, de outras religiões ou sem religião. Porém, o seu alvo preferencial eram os cristãos. Esse movimento transformar-se-ia mais tarde no tristemente famoso DAESH. Eles deram aos cristãos as seguintes hipóteses:

- Converterem-se ao Islão e renegarem a sua fé

- Não se converterem e serem mortos

- Não se converterem e marcarem as portas das suas casas com a letra “nun” equivalente ao nosso “n”, primeira letra da palavra Nazareno, identificando-se como cristãos e pagarem elevados impostos para não serem mortos.

Alguns cristãos na zona de in fluência destes terroristas, na Síria, não se converteram e aceitaram as consequências de serem fiéis a Cristo. Muitos morreram em grande humilhação. Alguns chegaram ao fim da investida terrorista e voltam a suas casas.

Com a letra nun desenhada nas suas portas, esses nossos irmãos afirmavam destemidamente:

- Aqui mora um cristão!

Bem-aventurados cristãos da Síria que pressionados, torturados e assassinados vos mantivestes fiéis a Cristo!



João e José frequentam a Igreja, pertencem a um grupo de jovens e são acólitos.

Quando na escola ouvem afirmações contra Deus ou Nossa Senhora, o João sente-se desconfortável e finge que não ouviu, mas por vezes não pode. Se contam uma anedota com referências porcas a Nossa Senhora, ele tem de se rir, para alinhar e não ser posto de lado pelos colegas.

José é mais firme na fé e diz que não lhe interessam aquelas conversas e vira as costas. Como consequência, muitos colegas não querem nada com ele.

Ai de ti João!

Bem-aventurado José!



Mariana foi convidada para trabalhar numa grande empresa farmacêutica na investigação para o fabrico de medicamentos abortivos, e outros para serem usados em execução de penas de morte ou em eutanásia. Mariana rejeitou o emprego onde lhe ofereciam um ordenado de 12 mil euros por mês, para não fabricar produtos para matar. Ela manteve o seu trabalho no pequeno laboratório português com 900 euros por mês, contra a vontade dos seus pais e do marido e muitos dos seus amigos e familiares.

Bem-aventurada Mariana!



Alexandre, estavas quase a ir à falência. Podias ter feito batota sem ninguém perceber e ter ficado com algum dinheiro que se destinava aos pobres e que passava pelas tuas mãos, mas foste honesto. Foste à falência e por isso foste humilhado, mas pudeste sentar-te entre os justos que se sentam no Reino dos Céus, mesmo ao lado do teu Criador.

Bem-aventurado és tu Alexandre!



André, chegas ao fim do mês sem dinheiro, às vezes logo a meio do mês, não compras os medicamentos porque o dinheiro não chega, não consegues dar aos teus filhos as roupas e os jogos mais caros e vistosos. Feliz de ti, porque não te deixas corromper como algumas pessoas tuas conhecidas. Deus olha para ti e vê a sua própria imagem. No Reino dos Céus terás tudo porque nada te será negado, porém aos que viveram na terra com o luxo desonesto não será permitido sequer aproximarem-se de ti, quando estiveres junto do Senhor.

Feliz és tu André!



Sortudo és tu, ó pobre a quem ninguém precisa de elogiar e aplaudir. Não és como os ricos que todos elogiam, que todos convidam para as suas casas, e de quem todos falam bem. Tens sorte, ó pobre, que não participas dessa farsa elogiando quem não merece ou recebendo elogios que não lhes são devidos.

Se fosses rico e te dirigissem esses elogios falsos, no mesmo dia em que perdesses a fortuna, os mesmos que te elogiavam e se curvavam diante de ti, te diriam que não te conheciam ou, pelo menos, que não tinham tempo para te atender.



Ai do rico e do corrupto! Ele só te quer ver à distância, não tem tempo para ti, não quer escutar-te, só pensa em se divertir e deleitar com a riqueza que ganhou com o suor do teu corpo. Enquanto ele ri de braços abertos, tu andas curvado a chorar. As tuas lágrimas conduzem ao Céu mas o riso do corrupto arrasta-o para a perdição. Mais vale ser pobre e sofrer injustiças que ser juiz corrupto e arder no Inferno pelos séculos dos séculos.



Feliz de ti que não buscas ganhar o primeiro lugar neste mundo, mas um cantinho despercebido no Reino dos Céus.



Feliz de ti, que te contentas com as coisas simples da vida. Não vives amarrado a complicadas escritas, não tens inteligência para entender as grandes descobertas científicas, nem andas metido em negócios vantajosos e perigosos.

Na tua pobreza de espírito sobra-te tempo para partilhar as alegrias com a tua esposa ou esposo, para acompanhar e ajudar a crescer os teus filhos, para te dares a tantos que precisam de ti. Consegues ter tempo e presença de espírito para aceitares a humilhação de te chamarem ignorante e incompetente.



Bem-aventurados!

Os que pagam as ofensas com gestos de amor e que não recorrem à vingança.

Felizes!

São todos os que preferem viver o infortúnio e a dor durantes 20, 50 ou 100 anos nesta vida sobre a Terra com fé e esperança em gozarem a felicidade durante um tempo infinito que vem depois da morte e que não acabará jamais.

Sortudos!

Todos vós que escolheis o caminho mais difícil para vos manterdes fiéis à Verdade. Porque pouca sorte têm os que não percebem que as vantagens da mentira são aparentes e passageiras.

    



Mateus 5,1-12



1 Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-Se. Os discípulos aproximaram-se  2 e Jesus começou a ensiná-los: 

3 «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. 

4 Felizes os aflitos, porque serão consolados.

5 Felizes os mansos, porque possuirão a Terra.

6 Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 

7 Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.  

8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. 

9 Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.  

10 Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.

11 Felizes de vós, se fordes insultados e perseguidos, e se disserem toda a espécie de calúnia contra vós por causa de Mim.

12 Ficai alegres e contentes, porque será grande para vós a recompensa no Céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vós».

    

    

Lucas 6,19



19 Toda a multidão procurava tocar em Jesus, porque uma força saía d'Ele e a todos curava.

20 Levantando os olhos para os discípulos, Jesus disse: «Felizes de vós, os pobres, porque o Reino de Deus vos pertence.

21 Felizes de vós que agora tendes fome, porque sereis saciados. Felizes de vós que agora chorais, porque haveis de rir.

22 Felizes de vós se os homens vos odeiam, se vos expulsam, vos insultam e amaldiçoam o vosso nome, por causa do Filho do Homem. 

23 Alegrai-vos nesse dia, saltai de alegria, pois será grande a vossa recompensa no Céu, porque era assim que os seus antepassados tratavam os profetas. 

24 Mas ai de vós, os ricos, porque já tendes a vossa consolação! 

25 Ai de vós, que agora tendes fartura, porque ireis passar fome! Ai de vós, que agora rides, porque ireis ficar aflitos e ireis chorar!

26 Ai de vós, se todos vos elogiam, porque era assim que os vossos antepassados tratavam os falsos profetas».



Orlando de Carvalho

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